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China quer milho do Brasil, mas preço irá para demanda das carnes ao etanol
01 Aug

China quer milho do Brasil, mas preço irá para demanda das carnes ao etanol

Assim que o Brasil tiver caminho livre para exportar milho à China, os preços mais altos da nova demanda vão começar a chegar nas carnes, no etanol e em outras mercadorias que levam o cereal direta ou indiretamente em seus processos produtivos.

Se o governo que estiver em Brasília, a partir de 2023, estender a alíquota zero de importação, que o atual estendeu até dezembro – após prorrogações desde a primeira iniciativa, de outubro de 2020 – os compradores terão que torcer para o câmbio e as cotações de Chicago compensarem.

O ministro da Agricultura (Mapa), Marcos Montes, pensa que conseguirá fazer a China a importar já neste semestre, após anunciar protocolos de enquadramento fitossanitários e de qualidade exigidos pelos chineses.

Seja agora, seja o ano que vem, quando a cadeia de ração, por exemplo, sentir que o novo cenário de destino é certo, a precificação vai começar a existir, pensa o trader e analista Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora.

É exatamente o que acontece com Chicago quando a China busca mais soja.

E é que aconteceu, também internamente, quando o dólar explodia e a demanda internacional correu para o milho brasileiro, fazendo os preços nas gôndolas pressionarem a inflação. Foi quando o governo decidiu oxigenar a oferta interno liberando as importações sem custo tarifário, atendendo às empresas frigoríficas.

Dados da autoridade alfandegária da China mostram importações de 28,5 milhões de toneladas em 2021, mais de 150% sobre 2020. Nos primeiros seis meses deste ano, chegou a quase 14 milhões, em leve queda.

Uma parte disso saindo do Brasil também, especialmente em caso de a demanda interna no processamento para rações, e outros subprodutos chineses aumentarem mais (e provavelmente fazendo crescer suas importações globais), tem poder de brilhar os olhos dos produtores e ofuscar os de proteína animal e de etanol.

Edson Wigger, presidente do Frigorífico Notable, de Santa Catarina, com exportações de cortes de suínos, não tem dúvida: “O encarecimento da [nossa] produção virá, com certeza”.

No setor de etanol produzido com milho, na Unem, que reúne as destilarias, o presidente Guilherme Nolasco lembra que o milho para consumo doméstico “já é precificado por Chicago”, daí que “competimos com o mercado internacional”.

Mas o executivo diz esperar que essa nova janela para o Brasil não mexa com o mercado.

É difícil, na medida em que é tradicional que as compras chinesas estimulem a formação de preços.

Ou, por outro lado, a estratégica imaginada é que com mais milho disponível, Chicago não seria muito influenciado, porque os chineses estariam substituindo parte de suas importações dos Estados Unidos e Ucrânia pelo produto do Brasil, vê o analista Vlamir Brandalizze.

A menos que o houvesse uma explosão das necessidades do país, além das atuais – que já o torna o maior comprador global do cereal -, e com problemas de safras como na atual, dos Estados Unidos, e dos ucranianos em guerra. Aí os preços internacionais teriam um baita fôlego.

Brandalizze vê a China trabalhando para ter altos estoques, não depender de Estados Unidos e da Ucrânia e evitar desequilíbrios futuros como pode ocorrer com os produtores da Ucrânia (Money Times, 26/7/22)

Por: de envatoelements